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Carros elétricos e híbridos no Brasil: um futuro promissor?

Publicado em Novo Varejo Ed. 376

Tratando-se do cenário mundial, no que diz respeito ao advento dos veículos elétricos e híbridos, o mercado brasileiro exibe um crescimento lento se comparado às outras economias do globo. No caso de países europeus e asiáticos, as demandas por tais tipos de automóveis são maiores e os preços mais acessíveis. Desta maneira, ao olharmos para o Brasil, a popularização e acessibilidade aos modelos eletrificados ainda apresentam diversos obstáculos para serem, de fato, concretizadas, como o alto custo das unidades e a falta de estrutura para a eletromobilidade nacional.

Assim sendo, a pergunta que não quer calar é: carros elétricos e híbridos terão um futuro promissor em território brasileiro? De maneira geral, pode-se esperar que o Brasil tenha um longo caminho a percorrer até que a resposta seja “sim”. É sabido que, em contexto mundial, o pretexto para a substituição dos veículos a gasolina pelos eletrificados dá-se pela preocupação com a poluição do planeta, entretanto, é importante considerar que, junto à responsabilidade ambiental, os novos modelos tecnológicos também carregam consigo o status social atrelado à modernidade e à inovação. Assim, chegando ao Brasil custando valores exuberantes, os novos modelos adquirem aspecto de exclusividade, já que, diante do cenário econômico nacional e da constante desigualdade social, poucos possuem o privilégio de adquirir tais automóveis.

O gráfico a seguir representa os dados da Fraga Inteligência Automotiva que explicitam a diferença entre as vendas dos modelos eletrificados e dos convencionais (movidos a combustíveis fósseis). É possível ver que os elétricos e híbridos apresentam, sim, uma tendência de crescimento no número de unidades vendidas, porém, ao lado dos modelos de ciclo otto, que apresentaram queda durante o período pandêmico e devem retomar crescimento a partir de 2022, ain-da são minoria e precisarão de muito investimento e tempo para que comecem a ocupar boa parte dos números na tabela.

Tal questão pode ser explicada pelo fato de que em solo brasileiro o alto custo das unidades elétricas pesa na decisão de compra e foge da realidade econômica da população em geral, como mostra o próximo gráfico, no qual temos a comparação do valor dos modelos elétricos e híbridos com os seus similares Otto.

A questão é que no Brasil existe sim a preocupação ambiental e esforço para que possamos cada vez mais evoluir nossa maneira de pensar e cuidar do Planeta. Tratando-se da frota brasileira, temos uma enorme porcentagem (69,7% em 2022 e previsão de que suba para 73% até 2026) de veículos flex e que utilizam do sistema de motores 1.0, colaborando em uma menor taxa de poluição ao compararmos com outras frotas pelo globo que ainda utilizam da gasolina como sua principal forma de combustível e, para contextualizar, recentemente foi aprovada a nova norma de emissões (Proconve L8) cujo objetivo é, até 2029, aumentar a frota de veículos híbridos em território nacional por meio de fiscalizações nos limites de emissão de poluentes. Dessa forma, espera-se que, com os anos, esses modelos eletrificados ganhem espaço em nossas ruas, e, junto com a característica positiva que temos sobre carros flex movidos a etanol, passem a ser mais popularizados.

Mesmo com tais pontos positivos para o Brasil, podemos esperar uma adaptação lenta. Com todas as preocupações ambientais, o país ainda não está pronto para receber tamanha mudança e se adaptar a ela. Temos um país com grande potencial ambiental, mas para que possamos abraçar a eletrificação por completo e que esta seja devidamente aproveitada, vamos precisar de grande esforço para substituir o combustível fóssil de nossos automóveis, pois, por mais que tenhamos o destaque dos veículos flex, a gasolina ainda é a opção mais buscada pelos brasileiros, uma vez que possui maior rendimento do que o álcool, compensando, assim, na hora do cálculo matemático financeiro.

É importante mencionar que, mesmo com a ascensão mundial destes automóveis, é inegável o fato de que também emitem poluentes, por meio de suas baterias de lítio, e, no caso dos híbridos, pela utilização da gasolina como combustível. Tratando-se de um futuro utópico centralizado na preocupação com o meio ambiente, pode-se dizer que a opção menos poluente é aquela que combina a tecnologia do elétrico com o motor flex. Nesse cenário, o Brasil ganharia vantagem pela sua frota que já está familiarizada com o sistema flex. Entretanto, para que isso funcio-ne de maneira eficaz e que faça a utilização da gasolina como combustível ser substituída pelo etanol, por exemplo, seria necessário a combinação de motores com alta eficiência e a diminuição da porcentagem de água no etanol, aumentando sua eficácia e diminuindo o consumo, o que, na prática, dependeria de grande investimento, aumentando o valor da unidade e se tornando inviável aos consumidores.

Em suma, toda a questão em torno dos modelos eletrificados e o cenário brasileiro resume–se em falta de infraestrutura e necessidade de soluções que tornem esses veículos e tecnologias mais acessíveis, já que, pelo ponto de vista ambiental, estamos trilhando um bom cami-nho, porém de forma mais lenta, pois estamos, atualmente, em uma vanguarda ambiental em comparação com outros países que já estão implementando leis mais rígidas e que tendem a fazer grandes mudanças em sua frota de forma mais imediata.


Original: Novo Varejo Ed. 376

aftermarket, elétricos, imprensa, Novo Varejo

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